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Episódio 1: PcD também transam!

Atualizado: 2 de ago. de 2022

O primeiro episódio do podcast é uma conversa descontraída, leve e sincera sobre a nossa sexualidade, experiências e vivências como PcD. No episódio contamos sobre histórias engraçadas, sérias, constrangedoras e muito mais...

o episódio é uma forma de afirmar mais uma vez que nós PcD temos desejos, sexualidade e temos direito de exercer isso!


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Transcrição do episódio:


Jess: Olá sejam todos muito bem vindos ao Piranhas cast o podcast das Piranhas com deficiência! Eu sou a Jéssica Fontoura.


Beto: Eu sou Beto Maia!


Zé Felipe: Eu sou Zé Felipe!


Jess: E esse programa serve basicamente para chocar a família tradicional brasileira! aqui nós vamos mostrar para vocês que pessoas com deficiência também se relacionam também amam também transam! e a gente vai falar sobre tudo isso que permeiam nossa existência como jovens, alguns não tão jovens! mas como pessoas que estão aí vivendo o maior desafio da humanidade que é se relacionar.

E hoje então a gente já começa com tudo falando que: sim! pessoas com deficiência também transam, não é?!


Beto: Olha só o barulho do tabu sendo quebrado só pelo título!


Jess: É isso deu pra ouvir mesmo!


Zé Felipe: A “quebração” do tabu!

Jess: gente, como é que é para vocês? Quais são os estereótipos que as pessoas criam em torno das suas deficiências? né? Eu acho que pode ser legal a gente começar até nos escrevendo para o pessoal que tá só nos ouvindo e falando também sobre qual é a nossa deficiência né, até para pessoas já entenderem quais são os estereótipos, que quando a gente fala sobre a deficiência automaticamente o estereótipo já vem na mente da pessoa e ela já nos imagina a partir daquela imagem que ela tem, eu acho que ele pode começar a se apresentando a partir, desse estereótipo aí para ver o que que a galera imagina.

Então vamos lá, eu sou Jéssica sou uma mulher branca, tenho 24 anos, tenho cabelo curto que tá levemente colorido, eu não sei que cor que ele tá porque eu sou acromata, eu não enxergo cores e tenho baixa visão. É… nesse Episódio eu tô usando um boné, para quem estiver assistindo ao vídeo depois uso óculos de sol e, bom a minha então deficiência então como eu falei essa é baixa visão e a acromatopsia.


Beto: Bom, eu sou o Beto Maia, sou o idoso aqui da conta, né?

Jess: Tem que ter representatividade.


Beto: Tem que ser inclusivo em tudo! Tenho 33 anos, sou uma pessoa que não tem uma perna, sou amputados desde muito jovem, não tenho a perna direita. Eu sou um homem branco de cabelo cacheado hoje eu tô com óculos quadradinho.. uma retangular né Azul, armação Azul uma camisa cinza e um fone grandão e um microfone na minha frente pra falar bem bonito pra vocês


Zé Felipe: Olá eu sou o Zé Felipe, sou um homem branco, magro de cabelo castanho escuro, sou cadeirante, tô com uma camisa verde água, depende de quem estiver assistindo e onde estiver assistindo, para mim, é verde água! e o ser cadeirante é bem complicado a situação porque no caso de vocês que têm uma deficiência que muitas vezes não são lidas pela sociedade, não enxergam de cara, para mim é muito mais complicado porque onde eu ando as pessoas olham e já me veem como um menino cadeirante! Então é aquela coisa, cadeirante precisa de cuidado e é isso e não tem para onde correr, literalmente…


Jess: tem para onde acelerar!


Zé Felipe: Exatamente!


Jess: pois é tu tocou num ponto muito interessante né? ah… eu e o Beto por muitas vezes a gente acaba tendo uma passabilidade, né? que algo que a gente fala muito até nas nossas redes assim que é o famoso entre aspas “nem parece que tem uma deficiência”, se a pessoa não tiver em uma situação onde a sua deficiência está exposta ela não sabe que tu é uma pessoa com deficiência isso acaba influenciando inclusive na nossa forma de se relacionar com as pessoas porque tem o famoso momento de revelação, o famoso momento de contar, “conto ou não conto?” isso deve ser contado? isso deve ser mostrado? como isso se naturaliza né?

E por outro lado tem a questões como a quem não tem a passabilidade, igual o Zé, que acaba caindo nesse lugar de ou é fetiche ou é “ah ele nem deve transar/ele nem deve conseguir”. Imagino eu, estando nesse lugar de uma pessoa que noventa porcento das vezes tem essa possibilidade, imagino que tu deva passar muito por isso né?


Zé Felipe: Sim, é muito real isso, principalmente de contar, porque eu na câmera, vai dizer que alguém diz que eu sou cadeirante? não porque não tá vendo a cadeira! e a mesma coisa nas minhas redes sociais, as minhas fotos geralmente são assim, então quando eu tô em certos aplicativos eu já vou dizendo: “Olha só, sou cadeirante, tá? “pra já cortar aquele constrangimento aquele monte de pergunta, sabe aquela coisa toda? ou eu falo logo eu mando uma Instagram porque a pessoa já vê, já entende o recado e pronto! mas essa questão de nem deve conseguir é muito real porque tem um grande estereótipo um cadeirante sobre essa relação de tipo de ter ereção, de manter, porque generalizam tudo! se é cadeirante e a porque têm uma deficiência específica.


Beto: e coloca tudo no mesmo Balaio né? como se todas deficiências fossem iguais, né? ah então, a sei de histórias pessoas que não têm o movimento das pernas e tá na cadeira de rodas, então todo mundo que tá numa cadeira de rodas


Zé Felipe: exato!


Beto: é exatamente a mesma característica, num consegue distinguir isso…


Jess: sim a pessoa ver um expert em deficiência física, incrível!


Zé Felipe: sim, já aconteceu comigo e tipo “Ai eu tenho um amigo que ele é assim… assim… ai eu imaginei que você também fosse” eu fiquei… “não querido, não é bem assim…”


Jess: não rola um ctrl+c ctrl+v, os minions da cadeira de rodas… que loucura! e contigo Beto como é que é?


Beto: é bem aquilo que você falou em relação à passabilidade né? então enquanto a gente está sentado aqui na cadeirinha do escritório conversando aqui as pessoas não percebem que somos pessoas com deficiência,e a gente tem que sair do armário ali pra falar “Olha, hoje não vai dar para gente apostar corrida não porque o meu interesse aqui é só dar uns beijos” e fica um momento quase que constrangedor na hora de fazer isso porque as frases são bem prontas que vem né de retorno né principalmente quando é em aplicativos né… que eu acho que foi o meio mais fácil que a gente acha de conseguir conversar sobre determinados assuntos porque às vezes no ao vivo é mais difícil porque a gente já é lindo ali naquele primeiro momento como uma pessoa Talvez até assexuada né? ou infantil demais para chegar a ter possibilidade de transar ou constituir família, namorar que são parte importante também né? não é só a parte do PcD transa não, PcD transa mas forma família, tem filhos né? tem toda essa questão por trás. E fica sempre aqueles meses frases né “Ah mas eu nunca fiquei com uma pessoa assim” e não faz a mínima diferença para mim né… eu também nunca fiquei com uma pessoa assim né?


Jess: “uma pessoa assim” entre aspas, tipo assim tu nunca respondeu: “o que? perfeito? Belíssimo? uma pessoa linda? tipo… pelo amor de Deus né…


Beto: uma cútis maravilhosa! mas rola muito dessa brincadeira do “ah que bom que a gente não vai postar corrida né?” porque eu cheguei a um ponto que eu entendi que as pessoas não vão chegar prontas com esse tipo de informação de entender que “ah é só uma pessoa que a deficiência” no sentido de “ela também transa e tá tudo certo“ como vai ser isso exatamente na hora eu descubro, a gente conversa, se entende né, e desenrola coisa e tá tudo certo então quando eu tenho esses tipos de aplicativos e perfis eu sempre coloco né “pelo amor de (a divindade de sua escolha) não vem perguntando o que aconteceu com a perna Obrigado beijos.” Porque eu coloco fotos já né de um close bem bonitão do rostinho, uma foto turistando, uma foto jogando o vôlei legal para pessoa entender que eu sou uma pessoa ativa nos esportes e tal, porque ali no perfil eu já tento quebrar alguns estereótipos, porque se for pra vir alguma pessoa bacana e falar alguma merda, perfil já tá empurrando pra fora e é isso que eu tento evitar, não achar essas pessoas pra conversar tão cedo.


Jess: nossa, prefeito, perfeito! É comigo acontece, o processo ele acontece sempre muito antes de chegar na hora H, eu tô há quatro anos sem entrar em aplicativos né… pessoa monogâmica, estou aí há quatro anos sem passar pelo constrangimento que era para mim chegar no primeiro encontro e ter que explicar por que que eu preferia encontro a noite, porque durante o dia minha autoestima ia lá embaixo porque eu precisava do óculos de sol… e aí partir do momento que eu chegasse no lugar com óculos de sol, fechadinho, a primeira coisa que a pessoa me perguntava era “nossa tá muito claro aqui? nossa tem sol né?” Por mais fechado que fosse um lugar e aí eu tinha que explicar, tipo primeira coisa de cara já era ter que justificar a minha necessidade de óculos, ter que falar sobre a deficiência naquela época eu não falava sobre isso, eu ainda nem me considerava muito bem uma pessoa com deficiência, então é muito difícil para mim chegar e ser.. é primeira coisa assim ter que explicar como é que é a minha visão e ter que explicar que sim se tu quiser sair comigo de novo, eu vou estar com óculos de sol, eu sei que é feio, eu sei que não é bonito esse óculos gigantesco aqui mas eu preciso dele… e sempre acontecia muito, muito, de tipo assim a pessoa tá muito encantada, chega no date eu via que isso era uma coisa tipo, que feio que tu tá usando óculos num lugar fechado e aí, se eu não enxergava cardápio, se não enxergava alguma coisa, que eu pedia para pessoa me auxiliar, não era todo mundo, não é todo mundo que fazia isso de boa vontade… então ali eu já dava aquela brochada e daí nem adiante… por outro lado muitas vezes quando ia adiante eu acabava utilizando o meu super poder, porque por causa da acromatopsia eu tenho uma visão noturna muito boa minha gente! então muita gente eu peguei muita gente com esse argumento, entendeu? muita gente quis que eu provasse que a minha visão no escuro era muito boa, então… ônus e bônus, não é mesmo?


Beto: me olha no escuro, “eu tô de roupa ou num tô?”


Jess: vou ter que te mostrar que eu encontro tudo no escuro!


Beto: adoro!


Zé Felipe: vantagens hein! e há quem diga que PcD só tem desvantagens..


Jess: exatamente! toda deficiência tem sua vantagem inclusive!


Beto: ah eu gosto muito do vamo no cinema, comer alguma coisa… num sei o que… e a pessoa dá uma olhada naquela fila e dá uma desanimada e eu: “dá o dinheiro aqui… deixa que eu resolvo esse negócio aqui”


Jess: vamos fazer o filme nós mesmas?


Beto: esse negócio de atendimento prioritário é uma coisa que eu já usei bastante principalmente em date. até porque quando tem a fila gigantesca é literal “pode deixar que eu vou lá e compro, me dá o dinheiro aqui”

Jess: vai ser mais rápido!


Beto: é… porque às vezes chega tá tipo faltando 10 minutos pro filme começar ali e tal, e num tirei os ingressos que comprei pela internet, “pode deixar que eu resolvo, deixa isso comigo!” e até as pessoas ficavam constrangidas, tipo “ai nossa! será que tô usando da pessoa?” não! eu que quis ir lá mesmo, porque eu também tô atrasado, eu tô junto contigo.


Jess: eu tô me usando!


Beto: é!


Zé Felipe: eu não sei se para você já aconteceu, mas comigo acontecia muitas vezes, eu estar conversando com uma pessoa o assunto tá indo muito bem, aí eu falar da deficiência e o assunto se tornar a minha deficiência…Tá Tudo Girando em torno e eu: “gente, eu só queria dar uns beijos! eu só queria isso! deixa esse assunto para depois!


Beto: vira consulta médica


Zé Felipe: a gente conversa sobre isso depois, ou nunca talvez… mas é sempre assim ou vira em torno da minha deficiência ou em uma frasezinha de pena…

“sinto muito” e eu fico: sinto muito pelo o que?


Jess: sinto muito se eu não to transando bem?


Beto: sinto muito que você tá tendo de conversar comigo… fazendo essas perguntas indelicadas aqui…


Zé Felipe: sim!


Beto: é puxado quando vita esse relatório médico: O que aconteceu? Você já tentou fazer tal coisa? Aí você usa prótese?


Zé Felipe: a pessoa vem dar soluções, tipo “ah e tenta fazer isso”/”tu nunca não faz fisioterapia?”


Jess: Nossa gente o que eu usei já saí com especialista em daltonismo que queria porque queria que eu comprasse o óculos daltonismo e eu: não funciona pro meu caso! “não, mas eu conheço um primo de fulano que é daltônico e comprou e usou e tá enxergando cores” eu: mas não funciona, não é daltonismo, “Não mas tu tem que tentar” e eu: MAS NÃO FUNCIONA! Ah gente, confia quando a gente fala sobre as nossas deficiências!


Beto: “poxa! como é que eu nunca pensei nisso antes??? olha só!”


Zé Felipe: E é porque é muito isso também, de tipo até na hora da nossa deficiência, a gente muitas vezes não têm voz, tipo a gente não pode dizer o que a gente tem ou como a gente prefere as coisas tem sempre alguém para dar uma solução melhor, ou fazer por nós…


Jess: sim… e nessas teve alguma coisa engraçada? ou alguma coisa curiosa? peculiar, que tinha acontecido na hora do vamos ver em relação à deficiência de você? só fala carinha do Beto eu imagino que já… (risos)


Beto: ah meu Deus! eu já fiz vídeo contando disso, porque nossa foi… que bad……ah num tenho uma perna”, ele: “fodas! tá ótimo!, vamo dar uns beijos”... ok, legal peguei meu carrinho bonitinho e fui… chegando lá… beija aqui, beija lá… num sei o que… vamo pro quarto…faz o que tem q fazer… e literalmente, na hora que a coisa acaba coisa de dois a três segundos depois, a pessoa vira para mim fala, com umar assim de “tô arrasando na cantada” né, “Você parece um pirata”...


Jess: não não não não não


Beto: eu juro… e foi tão doído, eu falei sério, eu tenho que arrumar um papagaio espada!


Jess: e um tapa olho!


Beto: ai Jesus que bad!


Jess: nossa… não! pelo menos não chegou te chamando de Capitão Gancho!


Beto: eu fiquei imaginando o quanto que isso poderia piorar mais assim… ai eu “eu acho que que tenho que ir embora…”, peguei minhas coisas… tomei banho em casa esse dia…


Zé Felipe: e não imaginando é a mente da pessoa “Nossa eu vou arrasar com essa agora! eu vou mandar essa eu vou conquistar ele para o resto da vida!”


Beto: eu fico aqui me perguntando que tipo de pôrno que essa pessoa consome né? porque do nada um pirata! gente… num pode ser… tem muito sentido pra mim não…


Jess: e tu Zé?



Zé Felipe: olha assim de cabeça eu não sei se já aconteceu… minto! tem uma vez… em que eu estava em uma festa, num rolê, aí e aí a gente foi para um lugar mais reservado né? E aí tem uma vantagem no meu caso, num precisa se cansar em ficar em pé tem né?


Jess: Tu sempre tem lugar para sentar!


Zé Felipe: exato! e a pessoa também! e aí a gente tava lá no lugar mais reservado e tudo mais, e a pessoa sem querer bateu a perna no joystick na minha cadeira… e a cadeira simplesmente acelerou! de ré! mi o e bateu num carro… o carro começou a alarmar! um barulhão! e a gente sem saber o que que fazia, simplesmente saiu, tipo vamos embora daqui! não dá para ficar aqui! Resultado nunca mais vi a pessoa! quer dizer até vi, mas a gente finge que nunca se conheceu… que nunca aconteceu nada…


Jess: eu fiquei imaginando ele, na hora que vocês estavam desesperados, ele sentando no teu colo e tu dá-lhe no joystick acelerando os dois!


Beto: por favor, senhora editora, coloca um barulho de alarme de carro quando o Zé fala isso!


Beto: [sons de alarme de carro]


Zé Felipe: Nossa, sim!


Jess: meu Deus!


Zé Felipe: nossa que eu fiquei tão constrangido, vocês não tem noção! e a pessoa não depois num ficou tipo, parou de falar comigo, a pessoa ainda falou comigo mas eu fiquei tão constrangido que preferia evitar, sabe?


Jess: sim, e o dono do carro não se prontificou?


Zé Felipe: eu não sei! a gente se mandou porque não dava para ficar lá, né?


Jess: nem deu tempo! Zé Felipe: Provavelmente ele deve ter pensado que tentaram cometer um furto no carro dele…


Jess: foi só um acidente gente! o carro bateu no outro!


Beto: o dono do carro já chegou lá “essas crianças jogando bola no estacionamento viu… vou te contar…”


Jess: mal sabe ele!


Zé Felipe: né? brincou com o estacionamento!


Jess: comigo máximo que já aconteceu foi uma vez pós-festa também tava lá… lá lá lá fui para casa da guria… chegou o momento que ela simplesmente vira e me pergunta assim: “como é que tu tá me enxergando?”


Zé Felipe: “com os olhos”


Jess: eu respondi: “ué, pelada!”


Zé Felipe: muito bom!


Beto: Certeza que você tinha lançado a do superpoder!


Jess: sim minha gente!!! é muito engraçado sério…


Beto: acho que eu faria a mesma coisa…


Jess: num vou parar pra descrever o que eu tô vendo né? Vamos focar em outra coisa…


Beto: muito bom!

Jess: então, nós somos três pessoas produtoras de conteúdo, a gente tá aqui falando sobre sermos pessoas com deficiência e também muito sobre tudo que permeia nossa vida inclusive ser LGBT, então é muito importante a gente deixar aqui que além de pessoas com deficiências somos também pessoas da comunidade LGBT então é interessante a gente pensar sobre como que essa relação né para cada um de nós como que é falar sobre ser pessoa com decência… e a gente sente alguma diferença? Algum impacto?


Beto: sou um homem cis, porém gay. E quando tem mês do orgulho eu sempre gosto de postar alguma coisa, de reforçar aquilo ali e dependendo do tema que for, pra abordar isso, para me lembrar as pessoas que, “olha quando tu vier no meu Instagram e talvez passar pela sua cabeça e fazer um mínimo de piada homofóbica achando que eu sou hetero, tu vai tomar um coice de uma perna só, porque aqui tu não te cria não… eu sou deses…


Jess: vai levar um coice mecânico se bobear!


Beto: a muleta tá na mão pronta pra… só uma porradinha!


Jess: Jogar tênis com a cabeça de imbecil!


Beto: como eu gosto de falar, “se você fala isso na minha frente você vai sentir o gosto do alumínio da minha muleta”


Jess: boa!


Zé Felipe: eu amei!


Jess: boa isso na bio do insta, já!


Beto: boa! vou mudar minha bio hoje!


Jess: muito bom! Eu senti uma ruptura assim, quando eu comecei a falar sobre a minha deficiência, eu fiquei muito nichada, pouco em relação a baixa visão e muito puxada em relação a acromatopsia e isso agora que eu tô conseguindo mudar aos poucos com os conteúdos, mas quando eu começo trazer em também pautas LGBT, eu senti um estranhamento da galera assim… um dos primeiros vídeos que eu fiz ainda foi sobre o mês do orgulho do ano passado muita gente comentando que ia deixar de seguir, e como assim eu era LGBT? e eu só tipo, fui apagando comentário, ocultando, botei lá pra ocultar automaticamente palavras negativas e disse “ah, foda-se”... desde então fez uma limpa assim, a galera entendeu naquela época e desde então eu comecei a falar mais sobre e não foi mais uma questão, sabe? Agora a galera já sabe já até comentam em alguns vídeos quando eu falo sobre pautas que não ficam claras se é LGBT ou não, sempre acaba surgindo gente falando “ah mas ela é lésbica”, tipo a galera já sabe e já vai informando quem não sabe, então tamo safe eu divido da opinião do Zé, assim de que o TikTok ele é uma das redes mais seguras quando a gente entra no algorítmo certo… também tem isso né… se a gente não entrar no algorítmo certo, se a gente não entrar nos for you corretos, a gente entrar num limbo que é o chorume do chorume assim… mas se a gente entrar pra galera certa o negócio é bom, ele te acalanta o coraçãozinho, e a gente cria uma rede muito aconchegante assim, eu sinto que é a rede que melhor faz isso assim…


Zé Felipe: eu acho que você falou também uma coisa entra muito no que eu falei antes, que é por eu, criar um conteúdo tão nichado eu nunca abordei outros assuntos tanto como sexualidade, ou qualquer outro assunto porque sempre foi uma coisa muito nichada, que outro dia eu até tava comentando com o Beto, eu também não quero mudar isso porque a gente acaba se cansando de sempre ser só aquela mesma coisa sabe?


Jess: sim, é! é uma construção. Pra a gente parece que é muito mais difícil né falar sobre outra coisa que não sejam essas duas coisas, que por si só já tornam pautas gigantescas né? pessoas com deficiência e LGBT tem que falar só sobre essas coisas! mas não, a gente não precisa falar só sobre essas coisas, e falando nisso senhor Zé!


Beto: nem só a parte ruim, né?


Jess: Exatamente. principalmente! Ultimamente é muito mais necessário a gente falar sobre as coisas boas e aprender olhar a deficiência e o ser LGBT de uma forma mais positiva, né? as coisas alegres de ser. E o senhor Zé num quer nos contar sobre um empreendimento? um negócio que tá rolando aí? um tal de cabaré do Zé?


Zé Felipe: empreendimento é ótimo!


Beto: Dona e proprietária!


Jess: conta pra gente como é que é ser CEO do cabaré do Zé!



Zé Felipe: contando com apenas uma P.U.T.A, né? Porque só temos uma no momento galera!


Beto: me contrata!

Jess: vai abrindo filiais!


Zé Felipe: O cabaré do Zé surgiu meio que aleatoriamente, um dia eu postei uma caixa de pernas para os meus amigos próximos e ai começaram a fazer umas perguntas mais… polêmicas… e aí eu acabei dando o nome de cabaré do Zé pra ser meio que uma brincadeira com os meus seguidores assim mais próximos, que inclusive eu pretendo tira ele do close friends e levar pro Tiktok só que de uma forma mais leve né… porque o conteúdo lá tem que ser um pouco mais leve… mas também é uma coisa que quando eu comecei ele, tipo, respondendo certas perguntas que faziam sobre mim, pode ter causado um certo estranhamento, sabe? “como?” sabe? “num sabia que você era assim” sabe?


Jess: com essa carinha de inocente!


Zé Felipe: Então eu tenho esse combo, porque eu sou neném e ainda sou PcD, aí causa um estranhamento duplo.


Jess: “nossa, tão safada, né?”


Beto: mas eu sei uma coisa muito melhor que o cabaré do Zé…


Jess: ihh será que… Será que pode divulgar?


Beto: eu não posso falar muito não que eu sou do mesmo esquema… não sei se você sabe Jess, eu e o Zé nós temos um Twitter 18+


Jess: fiquei sabendo já! eu to livre dessa!


Beto: essa é a única rede social que não é a @Betomaia, todas as outras são, essa daí o eu falei assim: “na não, aqui não!”


Jess: @NuncaSaberão!


Beto: isso!

Jess: não há de ter nudes vazados!


Beto: Se fizer um pix certo aí… inclusive eu sigo o Zé no outro e ele me segue de volta!, eu sei… a gente se segue e já se viu…


Jess: é só pelo conteúdo gente! é só para apoiar a produção de conteúdo amigo, nada demais…

Beto: é pela amizade gente! eu dou like nas fotos dele e ele da like nas minhas fotos!


Jess: é isso! é assim que se faz!


Beto: inclusive Beto, agora que você entrou nesse assunto, eu achava que lá seria uma rede social muito mais pesada, sabe? pra gente estar, principalmente fazendo esse tipo de conteúdo, apesar de que eu acho que lá não tem nada que mostre que você seja PcD, mas no meu tem e até hoje eu nunca fui abordado por exemplo com Devotee… não lembro, lá não… eu achava que seria pior e eu realmente entrei com a intenção de monetizar né lá né, essa galera (risos)


Beto: Eu também, eu juro que eu cheguei a pensar em fazer isso


Jess: ainda dá tempo gente!


Beto: não! mas o que acontece, como eu comecei a fechar algumas publis, algumas coisinhas que eu tava fazendo, num é aquela coisa “meu Deus Adalberto Como você tá… nadando dinheiro com qualquer outro TikTok, Instagram, num sei o que…” não é necessariamente isso. mas começou a surgir algumas oportunidades e que eu fiquei preocupado receoso? todas essas fotos que eu tenho minha nesse Twitter o oculto, vocês podem ver que eu sou muito, mas muito tatuado, eu tenho muita tatuagem que dá para você me reconhecer. então assim toda foto que eu posto lá, eu tenho muito cuidado para aparecer tatuagem página nenhuma minha.


Jess: pra não ter prova!


Beto: é! pra num ter provas! imagina uma marca assim “ah não não quero associar a imagem do Beto não porque ele vende conteúdo erótico/semi erótico no Twitter, meu Deus!” eu preferi não tomar isso dai… mas eu confesso que eu sigo um rapaz, que eu não tenho a mínima ideia da idade dele, que é uma pessoa amputada e ele faz muito conteúdo adulto por isso…


Jess: sim, eu acho que eu sei quem é…


Beto: com a prótese mesmo. Eu acho que ele mora nos Estados Unidos mas acho que ele não é estadunidense depois a gente tá com essa figurinha eu vou deixar outras indicações de conteúdo aqui…


Jess: é esse link não vai estar podendo estar na descrição do episódio mas troquem na DM, entendeu?


Beto: Esse não!


Zé Felipe: esse não!


Beto: mas é importante a gente falar isso daqui pras pessoas entenderem que a gente também consome esse tipo de produto.


Zé Felipe: exato!


Jess: sim!


Zé Felipe: é uma coisa que eu também estava pensando, justamente o cabaré do Zé ser só nos Close Friends, justamente para não quebrar essa imagem também que eu tenho um receio das marcas, que não quererem a associar porque é um conteúdo mais escrachado por exemplo, só que eu acho que não deveria ser assim…


Jess: não… é o problema é que na verdade a gente, a sociedade brasileira ela é uma grande hipócrita, né… porque o sexo é um grande Tabu sendo que é um dos povos mais sexualizados e o que mais celebra o corpo e vive o sexo, mas falar sobre isso é um grande da tabu, uma grande hipocrisia..


Beto: e compra o sexo…


Zé Felipe: exato! também. E aí você entra em outras questões, celebra o corpo mas o corpo padrão né, porque o corpo PcD é complicado… complicado…. tanto que tipo é uma grande… isso… eu nunca muito problema com relação a minha deficiência em si, mas com relação ao o meu corpo eu tenho muito problema que é justamente causado por isso, porque o mesmo tempo em horas que o presente Tira uma fotinha mais ousada e eu olho e eu penso “nossa seria perfeito para postar”, eu fico com receio de tipo “mano não é o corpo que a sociedade quer ver”, não é um corpo padrão, que aqui vocês estão vendo minha casa, no meu rosto, mas não estão vendo meu corpo e ele é completamente fora do padrão e a mesma coisa no meu Twitter lá também, eu já tirei muita foto que mostrava muito mais e eu não postei justamente porque lá o pessoal também só quer o que: “copos padrões” não quero ver um nude de um PcD fora do padrão, quer ver de um padrãozinho, bonitinho…


Jess: que chato né? a pessoa fica vendo vendo sempre mais o mesmo… sem graça…


Zé Felipe: exatamente…


Beto: Eu acho meio hipócrita assim… que uma vez, essa foto essas sim vocês conseguem na internet com mais facilidade, uma vez eu posei nu, um nu artístico, vocês dois já devem ter visto essa foto… o Fotógrafo maravilhoso Jansen, assim um espetáculo de artista, as fotos ficaram lindas assim muito respeitoso e tal, eu fiquei muito tranquilo para fazer justamente para aprender ali naquele momento gostar mais meu corpo, entender que aquilo ali só eu e que tá tudo bem, e na página dele a minha foto de 200 milhões ensaios que tem lá assim, foi a foto mais curtida da página, antes de cair né? porquê Instagram conservador… mas era uma das fotos mais curtidas eu fiquei tipo “carac… isso me da algumas respostas assim …” mas na hora de me relacionar com as pessoas esses números não se refletiam,


Jess: é que eu acho que infelizmente entra muito no mesmo caso da pessoa que é transfóbica mas o Brasil é o país que mais consome porno trans


Beto: exato…


Jess: tipo a pessoa ela tem aquela curiosidade, ela gosta, ela quer ver, ela sente prazer vendo, mas na hora de enfrentar aquilo na vida real ela bota todos os preconceitos dela junto e “ah não não quer lidar com isso”


Beto: exatamente.


Jess: complexo, né? E falando em lidar assim o que que você querem deixar de recado, de conselho para pessoas que vão se relacionar com pessoas com deficiência? assim, o que vocês gostariam que as pessoas soubessem na hora se relacionar com uma pessoa com deficiência principalmente na hora física né?


Beto: ah por mim eu diria “só vai”. tipo, na hora que você tá tirando a roupa ali, tira seus preconceitos junto, e se você tiver alguma dúvida se a pessoa tá gostando ou não, conversa com a pessoa, acho que antes de partir direto ali pro vamo ver essa troca de ideia é muito válida, mas não entrar naquela troca de ideia de “aí eu nunca fiz uma pessoa assim”, para não ficar aquela coisa meio médica, sabe? “se eu encostar aqui machuca?”


Jess: vai virar uma sessão de fisioterapia.


Beto: aí não é… O prazer é deixado de lado, se perder o momento de intimidade de conhecer mais a pessoa, de conectar mais com a pessoa, vai embora… né? não é meramente [tosse] tô igual o Temer, né? “minhas pastilhas!” (risos) num é meramente uma questão de “vamo ali transar e tchau”, eu acho que quem faz isso independente se a pessoa tem deficiência ou não, eu acho isso tosco, eu acho legal você ter uma troca de ideia com a pessoa, não necessariamente “vão sair no date para jantar, não sei o quê…” mas não um “oi vamo transar”, porque você perde todas essas nuances, vira uma coisa mecânica! faça sozinho que você vai ta ganhando mais!


Jess: Deixar mais confortável para todo mundo né? não só pra PcD.


Beto: porque é tipo você foi lá, a coisa tá acontecendo, você não sabe se a coisa tá agradável ou não sei o que… um olho no olho você vai saber, se não souber pergunta pra pessoa e está tudo bem, você não tem que ter vergonha de perguntar e se entender…


Jess: Sim, eu diria até um “Não torno a deficiência uma grande questão para o momento”, é justamente isso de normalizar, naturalizar, não deixa de fazer coisas por supor que a pessoa não vai querer ou não vai gostar por causa deficiência, não suponha nada, vai fazendo como tu faria com uma “pessoa normal” e mantém essa comunicação a medida do que for necessário, não torna esse momento constrangedor bem como o Beto tava dizendo né, não para conversar para criar uma dissertação sobre isso para descobrir… cara, só vai…


Beto: num é um TCC, né…


Zé Felipe: Exato, eu acho que é muito isso de tipo perguntar… se não tiver confortável a gente vai falar, se a gente não falar, você pode perguntar, mas se a gente disse que isso tá ok, não precisa ficar insistindo também, sabe? É muito chato quando a pessoa fica "Tem certeza que tá Tudo bem?/pode fazer assim?/tá machucando?", e eu fico tipo “não… tudo bem… pode… vai…” isso acaba corta tanto o clima que é muito o que o Beto falou também, tipo eu prefiro muito mais quando tem uma conversa antes sabe? não precisa ser uma conversa de tipo vários dias, mas pra ao menos conhecer a pessoa e a pessoa também me conhecer saber o que eu gosto, que eu não gosto, e o que eu faço e o que eu não faço… Para justamente chegar na hora e não ser algo desconfortável, sabe? sim


Jess: é justamente já chegar na hora com a certeza de que a pessoa não vai se impressionar com a tua deficiência, e Justamente não vai criar esse grande caso daquilo. perfeito minha gente! Bom acho que a gente chegou então ao final desse nosso primeiro grande episódio de estreia, muito obrigado a você que ouviu até aqui vamos deixar as nossas redes então eu sou @acromatajess em todas as redes


Beto: eu sou @BetoMaiaFilho em todas as redes exceto aquele twitter lá!


Zé Felipe: eu sou o @ZeFellipee com dois L e dois E no final quase todas as redes também!


Jess: em 99% das redes!


Zé Felipe: e é bom falar também que vocês vão encontrar sobre a gente nas nossas redes sociais mas também cortes no perfil do Tico Teco, no PiranhasCast e também no Instagram se vocês quiserem Mandar mensagem pra gente, saber mais sobre a gente, vai ter o perfil lá para vocês encontrarem


Jess: e isso a gente vai começar a fazer enquetes, conteúdos participativos para vocês construírem as pautas dos próximos programas com a gente, tanto com perguntas quanto com convidados com contação de histórias a ideia é que seja um programa muito colaborativo e tudo nosso! todo da comunidade! mais importante esse podcast não é apenas para pessoas com deficiência são de pessoas com deficiência para o mundo! claro que as pessoas com deficiência vão se identificar mais com a gente, mas aqui ó nada contra a gente está recebendo pessoas não vão ter que ser isso também eu falo nos não tem nada contra não a gente ta recebendo pessoas sem deficiência também, viu? podem nos ouvir!


Zé Felipe: a gente não tem nada contra não, a gente tem até amigos que são!

Beto: até pra ter essa troca também! pessoas que conviveram e tiveram suas experiências também!


Jess: exatamente!


Zé Felipe: sim! seria muito legal se mandassem também lá nos nossos instagram ou no instagram do PiranhasCast se vocês já tiveram relações com pessoas com deficiência, como foi? se foi legal? se aconteceu alguma coisa constrangedora…


Beto: se você chamou alguém de pirata…


Jess: quando vê o boy aparece…


Zé Felipe: Já pensou?


Beto: eu quase caí da cadeira agora com isso…


Jess: e nós temos um parceiro, né Beto?


Beto: exatamente! este é um podcast oferecido pelo ValePcD, que é um coletivo de pessoas com deficiência aqui são LGBT, você pode encontrar a transcrição completa deste capítulo… esse capítulo é ótimo! audiobook agora! (risos)


Jess: radionovela!


Beto: na minha época menina, tinha radionovela! você pode encontrar transcrição completa e valepcd.com.br, siga também nas redes sociais @PCDVALE, estamos lá inclusive mandando as suas dúvidas e perguntinhas também, pode mandar para lá também que a gente responde!


Jess: perfeito! então é isso aí pessoal a gente se vê no próximo episódio um grande beijo tchau beijo


Zé Felipe: Beijo!


Beto: Beijo!



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