Foto com fundo azul, do lado direito a frase "com Bianca Galvão" e abaixo a logo do projeto. À esquerda, foto de Bianca com os cabelos soltos, usando uma blusa azul.
Meu nome é Bianca Galvão, e eu decidi começar a fazer vídeos falando sobre o autismo pra tentar mudar essa visão que as pessoas tem. Dar maior visibilidade para meninas autistas, também é o meu foco.
- O que é o autismo?
Autismo não é uma doença. Autismo trata-se de uma condição na qual temos um déficit na comunicação e socialização. Existem autistas que falam (verbais) e os que apresentam mais dificuldade na fala (não verbais). Temos interesse restrito, chamado de hiperfoco.
- Por que é tão incomum que meninas recebam esse diagnóstico?
As meninas normalmente recebem outros tipos de diagnóstico, e isso acontece porque a maioria dos estudos são feitos em cérebros de meninos e comportamentos de meninos. Então essas meninas passam despercebidas.
- Quais os sintomas do autismo em garotas?
Podem ter atraso na fala. Meninas são mais sociáveis que meninos, então vão ter uma linguagem corporal mais adequada, mas vão ter dificuldade em comunicação social, não entendem muito bem ironias, metáforas e piadas, característica de serem bem literais. Não entendem com a mesma facilidade que neurotípicos mudanças no tom de voz, expressões faciais.
- Quais os maiores mitos sobre o autismo?
Que nós não somos capazes de sentir empatia; Vacina causa autismo; E cura do autismo.
- Existe muita generalização e estereótipo?
Sim, o autismo ainda é visto de maneira muito pejorativa ainda por algumas pessoas, e também somos muito estereotipados, as pessoas pensam que todos os autistas são iguais, com comportamentos iguais, pensamentos iguais.
- Você pode citar algumas curiosidades?
Nosso cérebro funciona de maneira mais estável que o cérebro dos neurotípicos, e isso se acontece porque nós temos mais neurônios e mais sinapses acontecendo simultaneamente.
- Como foi o seu processo de diagnóstico?
Eu tinha 15 anos, estava no ensino fundamental. A escola me encaminhou para um psicólogo porque eu tinha dificuldades de fazer amizades, ficava muito sozinha, não falava com ninguém. Passei por médicos, psicólogos, fonoaudióloga, até que um neurologista emitiu o laudo de Síndrome de Asperger.
- Você recebeu algum diagnóstico errado antes?
Déficit de antedato, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno obsessivo compulsivo, síndrome do pânico.
- Como você tem lidado com o espectro?
De uma maneira ótima, foi uma das melhores coisas que me aconteceu! Estou finalmente me entendendo e me conhecendo.
- Quais as maiores dificuldades?
Socialização, com certeza.
- Qual o impacto do autismo na tua vida amorosa?
Entender o lado do outro. Entender como o outro se sente, saber identificar quando está bravo, quando está triste, e comunicação verbal também é um desafio.
- Como promover acessibilidade para pessoas autistas?
Nós autistas temos a característica de sermos muito literais, por conta disso existe a dificuldade em entender as piadas, figuras de linguagem, etc. Acho que pra mudar isso, as pessoas tem que mudar. Não nós. As pessoas precisam entender do que se trata o autismo, e precisam ter paciência com essas coisas. Não somos nós que estamos erradas em não entender, não somos nós o problema. E terapias podem ajudar a melhorar esse déficit em interpretar as coisas… e lidar melhor com essas coisas do dia a dia. Então acho que o ideal, é paciência, apoio, diálogo, e terapia!
Nós autistas, somos seres individuais. Não é porque somos autistas que somos todos iguais. Nenhum autista é igual ao outro. Autismo é um espectro e existem vários tipos de graus. Não somos menos que ninguém, somos apenas diferentes.
Conheça o canal da Bianca no Tik Tok: @biancaglima_
Clicando aqui você pode buscar mais informações sobre o autismo em garotas e entender como funciona a “camuflagem” (termo que define o comportamento de mascarar características).
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