Foto de Victor sem camisa, usando uma bandeira LGBT na cabeça como uma capa, e fazendo um gesto com 3 dedos levantados.
Sou Victor Di Marco, ator e cineasta. Atualmente trabalho no lançamento do meu curta documental "O que Pode um Corpo?".
- Pessoas com deficiência são inferiorizadas no meio LGBT? Existe uma segregação? Por que isso acontece?
PCDS são invisibilizados no meio LGBTQIA+, pois ele se difere dos outros campos da sociedade que prezam e cultuam apenas corpos e modos dentro de um padrão.
- A cultura da beleza e corpos padronizados tem influência nisso?
A cultura do belo e de se prezar por corpos perfeitos, pesam diretamente em nossas vidas. Nossos corpos sempre são desaprovados ou ridicularizados por este padrão, justamente por não estarmos dentro dele. Existem muitas formas de violência que exercem sobre nossos corpos com a desculpa da busca pelo corpo perfeito.
- Você acha que falta espaço pra que entendam a nossa realidade? Por que você acha que a nossa pauta é tão pouco discutida?
Acredito que seja por haverem muitas deficiências, e o que se cria é a falsa ideia de não união. Mas justamente essa ideia é posta pela sociedade capacitista para nos ruir e gerar uma "não identidade". Acredito que estamos aos poucos, fazendo os recortes necessários, percebendo que temos que nos unir.
- Como você se sente não encontrando representatividade em ambientes que se dizem diversos, mas não dão visibilidade para o PCD LGBT?
Essa pergunta é muito pertinente pois a pauta PCD é sempre esquecida. Ainda que hoje outras pautas de "minorias" tenham ganhando força, a nossa ainda não chegou tão longe. Acredito que as pessoas ainda tenham muita dificuldade de ver que há uma pessoa antes da deficiência.
- Como você acha que podemos mudar essa realidade e tornar a comunidade LGBT diversa de fato?
Nos percebendo enquanto seres influentes e fazendo políticas COM nós e não PARA nós!
- Pessoas com deficiência precisam ocupar mais espaços! Você frequenta bares e baladas LGBT amigáveis? Como é a sua experiência? Costuma encontrar outros PCDs?
Eu frequento bares e baladas mas muito por ter o privilégio de que minha deficiência não dificulta a questão da acessibilidade. Sofro com questões de olhares e comentários, e infelizmente quase nunca há outras PCDs junto.
- Como as pessoas sem deficiência tratam pessoas com deficiência em locais festivos? Existe capacitismo?
Diferentes vivências e recortes vão dar diferentes preconceitos e tratamentos. Mas de um modo geral, as pessoas nos ridicularizam, infantilizam e subestimam nosso corpo, nossa vida. Somos lidos como inspiração, mas nunca como desejo. Estamos sempre no lugar do coitado e do angelical.
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